Um pouco sobre as histórias do álbum

O desenho acima é da história ‘Sobreviver’ que abre o livro. Eu desenhei esta história quando estava fazendo um freela preenchendo áreas negras dos originais do grande Gabriel Bá em 2010. Talvez por isso acabei usando muito preto nos personagens e no fundo. Algo que gosto até hoje de fazer.

O personagem foi inspirado num tipo comum que eu via na universidade: das pessoas que não querem se formar, resistem a sair da condição de estudante e enfrentar o mundo aqui de fora, e acabam prolongando a vida acadêmica indefinidamente. O que, ao meu ver, é uma atitude válida e, em vários aspectos, corajosa.

Essa história é muito importante pra mim pois foi publicada na Café Espacial e, se não me fala a memória, foi exposta em pelo menos duas exposições: Rio Comicon de 2010 e Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja de 2015 dentro da exposição “Café Espacial à Quinta”.

Participação na Bienal de Curitiba

Tá confirmado! Entre os dias 07 a 10 de setembro estarei em Curitiba lançando meu primeiro álbum na Feira Muvuca da Bienal de Quadrinhos.

Juntamente com o Sergio Chaves e a equipe da Café Espacial estive nos últimos meses me dedicando a esse livrinho que reunirá as histórias curtas que tenho produzido nos últimos anos em versões definitivas: revisadas, lapidadas e, quem sabe, tunadas!

Estou feliz com o resultado que esta semana foi encaminhado pra gráfica.

Também feliz por ter sido selecionado para a Bienal. Será muito legal lançar esse projeto em um evento que tem crescido em público e reunido gente de peso do cenário nacional dos quadrinhos.

Se você estiver em Curitiba nessa data não deixe de aparecer e trocar uma ideia e pegar uma edição do livro! 🙂

Ao longo deste mês vou dar mais detalhes sobre o álbum, bem como disponibilizar o link da pré-venda para quem não puder (ou quiser) estar presente no evento presencial.

Inté! 🙂

Atualizações, resgate e resistência

Sei que basicamente não há muita vida fora das redes sociais. Pra muita gente a internet se resume a twitter, instagram e youtube.

Mas ainda penso ser fundamental para um desenhista, quadrinista ou escritor ter um site próprio. É no site próprio onde de fato o conteúdo é seu e você tem controle total. É o porto seguro.

É também quase um ato de resistência ter um site: é remar contra a maré num dia com muito vento.

Então o site permanece. Pelo menos enquanto eu estiver vivo e puder pagar pelo domínio e hospedagem.

Dito isso, fica o registro de que finalmente tomei jeito e atualizei a seção públicações aqui do site inteligível. Lá estão as revistas, fanzines e (em breve) livros que publiquei ou nos quais colaborei. Para tanto, resgatei dos porões da casa dos meus pais meu primeiro fanzine: Kisama.

É da época que eu era apenas um jovenzinho que lia muito mangá:

Kisama é meu zine datado da virada do século passado.

Este fanzine foi fruto de muita persistência. Acho que é uma história que vale a pena contar no futuro aqui no site.

Também coloquei no ar uma loja para abrigar minhas publicações disponíveis para venda já pensando em estar preparado para quando o livrinho for lançado.

Por hoje é isso.

E você? Tem um site/blog? Se não, tome seu posto no local da resistência! 🙂

Meu primeiro álbum ainda este ano

Faz um tempo desde a última HQ que postei aqui no site. Mas é por um bom motivo: nesse interim estava preparando o que virá a ser o meu primeiro livrinho.

Foi todo um processo de seleção, revisão e ajuste nessas histórias: tive que redesenhar uma das HQs porque não tinha mais os arquivos em alta para impressão (pior que acabei encontrando depois de ter feito todo o trabalho), outra eu não gostava do final porém não gostaria de deixar ela de fora dessa seleção então refiz os diálogos e parte dos desenhos da última página, estes e outros pequenos ajustes foram necessários até que essas HQs tomassem sua forma definitiva.

Agora o livrinho está em boas mãos com alguns grandes amigos e parceiros de longa data no processo de revisão de textos e ajustes finais de diagramação e capa.

Se tudo der certo, o álbum ainda sai este ano.

Vou soltando mais informações e imagens aqui tão logo a caravana caminhe. Até!

Exposição no Rio Comicon 2010

Estava procurando uma foto minha no computador para colocar no formulário de inscrição da Bienal de Quadrinhos de Curitiva deste ano e me deparei com as fotos que registrei dos meus trabalhos expostos no Rio Comicon de 2010.

Acho tenho certeza de que esqueci de postar aqui no site essas fotos. Então fica aqui o registro um pouco atrasado.

Foi bem legal ter tido a oportunidade de participar dessa exposição ao lado de feras dos quais sou fã do trabalho, como Fábio Lyra, Rafael Sica, Kitagawa e Marcelo D’Salete. Vou ser sempre grato ao Tiago Lacerda me convidou pra essa esposição.

Comece pequeno

Se alguém me perguntasse hoje como começar a fazer quadrinhos, eu diria: faça histórias curtas.

Comece fazendo histórias de uma página. Faça umas 10! Quando estiver confortável com esse formato, passe para as histórias com duas páginas, depois três, e… você entendeu o lance.

Foi isso que fiz nos últimos anos.

E foi muito legal fazer isso. Porque se tudo de errado na história que você estiver fazendo: se o desenho estiver ruim, se a história não ficar lá grande coisa, é só tentar algo diferente na próxima. E bola pra frente.

Depois de um certo tempo, percebi que tinha um volume de histórias que seriam suficientes para organizar em algo parecido com um livro.

Nos últimos meses fiz uma seleção das histórias que mais gosto, e alguns ajustes: um final do qual eu não gostava, alguns desenhos que não ficaram do jeito que precisavam ser.

Ainda é cedo para dar mais detalhes sobre o projeto. Mas acredito que ainda esse ano essas histórias se materializarão em algo físico.

Conto em primeira mão aqui. Lógico!☺

Novamente. Se alguém me perguntasse como começar: “faça histórias curtas!”

Processos: arte final

Tenho compreendido que o que realmente importa em um desenho é a arte final.

Quando se trabalha com um lápis muito definido, o desenho em si já está pronto, sendo a arte final mera burocrática fase onde se copia um desenho pronto, com outro material.

Dessa forma, estou buscando cada vez mais definir menos no lápis e sim apenas insinuar as grandes massas, deixando o desenho propriamente dito para ser trabalhado na arte final.

Acredito que dessa forma o desenho final ganha mais vida, pois ele em sí é único.

Abaixo uma demosntração desse processo do primeiro quadrinho da nova história na qual estou trabalhando.

A procura de estilo um sintético

Nesta ótima entrevista do Ramon Vitral com o quadrinista norueguês Jason, o artista fala da busca por um estilo menos realista por, entre outras razões, demora em finalizar um trabalho mais convencional:

“O meu primeiro álbum foi desenhado com um estilo muito realista, mas não fiquei muito feliz com o resultado e demorou muito tempo pra finalizar, então passei a tentar outros estilos e os personagens antropomorfizados surgiram. Eles pareciam encaixar no tipo de histórias que eu queria contar: fábulas”

JASON

É notável no quadrinho autoral (ou todo aquele fora do mainstream das grandes editoras), uma certa tendência para o preto e branco e a estilos menos realistas.

São características tanto por opções estéticas, quanto porque é o que é viável ser feito, porque esses autores normalmente fazem todo o trabalho sozinho.

Sempre tive uma predileção ao estilo mais sintético. Mas também gosto de algum grau de realismo, sobretudo nos cenários. O que me tem levado a estudar mais os fundamentos do desenho, como a perspectiva, luz e sombra.

Nessa linha, gosto bastante do trabalho do Jaques Tardi e Taiyo Matsumoto.

O seu estilo acaba sendo algo entre tudo que nos influencia, nossas limitações técnicas e a eterna busca por experimentar.

Quero encontar um caminho que seja estilizado, mas que carregue um certo grau de realidade, sobretudo nos cenários, mas, assim como Jason, que ao mesmo tempo seja consiso e se encaixe no tipo de histórias que gosto de fazer.

Recorde de “Abismo”, quadrinho em produção.

Não quebre a corrente

Tenho me esforçado em desenhar nem que seja um traço todos os dias.

Dor de cabeça, dia cheio. Não importa, um traço pelo menos. Vou lá, ligo o computador, abro o arquivo da história que estou desenhando no velho manga studio ex, coloco uma trilha sonora e vou fazer o traço.

O objetivo é manter a fogueira sempre acesa.

Tenho percebido que mesmo em dias complicados, alguma coisa interessante fica no papel. E as vezes não é o desenho.

Desenhar é um músculo que precisa ser exercitado todos os dias, senão atrofia.

Se for esperar tudo estar perfeito para poder se dedicar a sua arte, esse dia nunca vai chegar.