Desenhos no caderninho

Estudos
Estudos de personagens e cenários

Estou fazendo uma série de desenhos. Rabiscos soltos no meu caderninho A5, com caneta micron vermelha. Pessoas, cenários, objetos. Tudo que possa ter alguma relação com “Demi Vídeo” (outro título provisório da mesma história). São desenhos livres, soltos, sem obrigação de ficar bom: o importante é o estudo em si.

No momento estou concentrado nesse trabalho de pesquisa “iconográfica”. Acho que dentro de duas semanas voltarei aos thumbs e, certamente, vou mudar algumas coisas que já estavam prontas (ainda mais depois da aula dos gêmeos no último sábado). De volta ao caderninho!

(Acabei de ler Retalhos, recomendo com pompa! É do tipo de história que te deixa com vontade de fazer quadrinhos.)

Histórias curtas

Você tem que adquirir confiança. Confiança no seu desenho, na sua forma de narrar, nas suas histórias. Mas só se adquire essa confiança fazendo e aprendendo com os seus erros. Foi essa a mensagem que ficou do curso ministrado neste sábado pelos gêmeos que tive o privilégio de estar presente. Fazendo histórias curtas, fazendo o básico, você pratica, testa suas idéias, explora possibilidades em um curto espaço de tempo. É o que quero fazer no momento. É o que preciso fazer. Logo coloco algumas dessas histórias aqui no site.

Histórias longas

Aparecido

Por que fazer histórias longas? Marcatti diz que o futuro dos quadrinhos brasileiros está nas obras autorais (vale a pena conhecer o seu trabalho e opinião).  Lancaster também tem uma opinião parecida: para material de massa, a banca vai bem; para material menos popular, a livraria é o destino. Livro pequeno, livro grande, luxuoso ou símples: quadrinhos em livraria. Quem concorda com essa visão, está produzindo obras maiores, mais profundas e com maior liberdade criativa. É um caminho mais livre, ideal para quem não se enquadra nos moldes da indústria de quadrinhos de massa. Se, assim como eu, você não quer fazer histórias com heróis ou sagas com adolescentes de olhos grandes e porradaria, talvez o seu lugar seja a livraria.

Quadrinhos na Flip

Confira no blogue dos gêmeos como foi a mesa de quadrinhos na Feira Literária Internacional de Paraty.  Destaco esta entrevista do Fábio Moon: “Você tem que fazer quadrinhos porque você não consegue se imaginar fazendo outra coisa, pois todas as outras coisas relacionadas com desenho são mais fáceis que fazer quadrinhos. É uma profissão solitária que demora muito tempo, então você tem que gostar muito do que faz.” É o trabalho de Gabriel Bá e Fábio Moon que, juntamente com Mutarelli, tem aberto caminho para histórias em quadrinhos autorais nas livrarias. Espaço e reconhecimento hoje existe. Mas, se você quer ver sua história pronta, tem que pagar o preço: fazê-la.

Aprenda a publicar seu livro

Esse é o tema do curso a distância do apocalíptico José Roberto Pereira. Conheço seus trabalhos da finda Animax, lia e relia a pequena revista informativa. Na faculdade, tive a oportunidade de fazer o projeto gráfico do Mundos sem Sol, maluca incursão do cara na literatura. Para fechar com pompa, em julho em julho a Quanta fará várias oficinas com quadrinistas e ilustradores (farei uma, dos Gêmeos, que é imperdível). Fica a dica aos quadrinistas e escritores!

Antes de desenhar

Fazendo uma página
Fazendo uma página

(1) Tendo o roteiro em mãos, vou fazendo pequenos rascunhos das páginas (seria uma espécie de decoupagem da história, onde me preocupo com a distribuição do texto, número de quadrinhos por página e seus tamanhos, espaço para cenas importantes, mas sem me preocupar com o desenho em si). (2) Agora é a vez de cuidar do fluxo narrativo: o melhor lugar para cada elemento dentro do quadrinho, de modo a criar uma boa leitura, uso apenas pequenas manchas para representar personagens, cenários e palavras. (3) Faço uma série de estudos e desenhos de observação. (4) Tendo certeza do que vou desenhar e onde, é hora de pegar uma folha de canson e começar a desenhar a página de verdade.

Os primeiros rascunhos são bem soltos e toscos
Os primeiros rascunhos são bem toscos

Essa é a forma como tenho trabalhado. Já tentei resumir essas etapas a um símples thumbnail (como trabalham os Gêmeos), mas o resultado não ficou legal. Prefiro desmembrar o processo em três etapas mais soltas. Assim consigo pensar melhor a página. Acho que você deveria fazer o mesmo: não aceite uma método como um dogma, procure o jeito “errado” de fazer que funciona pra você.

Polêmica da co-autoria em livros infantis

A imagem é uma linguagem, assim como a palavra
A imagem vale tanto quanto as palavras

Acho que, assim como eu, você gosta de cinema, desenho animado, talvez teatro e, com certeza, histórias em quadrinhos.

Há algo que une essas linguagens totalmente díspares: a imagem (a fotografia, no cinema; o traço, no desenho animado e nos quadrinhos; e o gesto, no teatro). A imagem comunica muito: ela é específica, você vê e entende. Para ler um texto, você precisa ser alfabetizado, para ler uma imagem, basta olhar para ela.

Mesmo assim, vez ou outra não se dá o merecido valor a linguagem visual. Foi publicada uma nota na coluna “Gente Boa”, do caderno de cultura de O Globo, questionando a co-autoria do ilustrador nos livros infantis.

Desmerecer a linguagem visual é atitude no mínimo míope.

Thumbnail

Estou trabalhando nos rascunhos das páginas (também conhecidos como thumbnail). Nesta etapa que definimos o ritmo das páginas, o momento certo para cada cena, as transições de quadrinho para quadrinho e o tipo de enquadramento que queremos usar.