Olhe para dentro e não para fora

Mercado editorial implodindo, institucionalização da intolerância, desemprego, calor da porra… Seja de qual janela você olhe, verá uma realidade nada animadora, talvez, enlouquecedora (a metáfora do filme Bird Box encaixa-se bem aqui).

Essa caldo social influencia seu experienciamento da vida.

Mas esse chorume em que vivemos deve apenas influenciar, e não determinar, quem nós somos. O que determina seu caminho, são em grande medida suas decisões e ações. Acredito que individualmente somos capazes de mudar nosso microcosmo.

Lembro-me das passagens de Papillon, livro de Henri Charrière, nas quais o condenado à prisão perpétua ficou em celas da solitária. O personagem seguia uma marcha ininterrupta, andando de um lado ao outro da cela, incansavelmente dia após dia. O ato de caminhar, mais que manter sua saúde física, possibilitava que a mente voasse em transe para além daquele cubículo escuro e úmido. Num ato de rebeldia, a imaginação transportava Papillon para fora da prisão. A pior prisão que o mundo já teve não foi capaz de aprisionar a mente de um homem obcecado pela liberdade.

PS.1: Estou finalmente desenhando a próxima história curta.

PS.2: Já tenho material para uma revista, mas não para um livro. Sei que é importante publicar algo impresso, mas sempre quando imagino a realização prática disso (gráficas, estoque, postagens, eventos) fico desmotivado.

PS.3: Acho que eu tenho comicconexperiencefobia.

O grande dilema das narrativas curtas

Ainda estou trabalhando no roteiro da próxima história curta e, em alguma medida, tive alguns problemas com a sua escrita. Pensando sobre os motivos desse empasse, cheguei à conclusão de que o escritor, em especial aquele que escreve narrativas breves, possui uma grande responsabilidade em suas mãos. Explico: o espaço pode ser limitado, mas os personagens não, eles querem, senão precisam, contar a completude de suas histórias. Como as pessoas reais, os personagens querem que sua existência seja notada pelo mundo, de forma completa, e não apenas de relance. Entender essa angústia e tentar selecionar o momento mais significativo de suas vidas é uma tarefa difícil. Equacionar essa necessidade com um número limitado de páginas é um grande dilema.

Unidade em uma página só

Desenhei ao longo de 2017 (e 2016) basicamente histórias de 1 (uma) página.

Nos últimos tempos tenho feito HQs com 4 páginas, mas tenho tentado seguir uma métrica que consiste, basicamente, em considerar cada página como uma unidade em si, embora faça parte de uma história maior.

Acho que essa métrica me coloca mais próximo das páginas dominicais do início do século passado do que das histórias em quadrinhos publicadas em formatos mais longos.

Meu jeito de compor os quadrinhos, ao meu ver, também tem mais identidade com as publicações curtas, sobretudo as tiras.

Esse caminho tem pouca influencia o conteúdo das histórias. Mas são escolhas que, se conscientes, ajudam a definir um escopo e uma metodologia a ser seguida.

Métrica na construção de uma história

Tenho percebido que preciso de uma estrutura fixa de quadros em uma página, tanto para desenhar, quanto para escrever os roteiros.
Acho que esses grids funcionam como uma métrica. Estruturam e dão ritmo ao discurso.
Estou com algumas imagens de uma nova história na cabeça. Agora é hora de transformar esses vultos em uma espécie de música escrita.