Comece pequeno

Se alguém me perguntasse hoje como começar a fazer quadrinhos, eu diria: faça histórias curtas.

Comece fazendo histórias de uma página. Faça umas 10! Quando estiver confortável com esse formato, passe para as histórias com duas páginas, depois três, e… você entendeu o lance.

Foi isso que fiz nos últimos anos.

E foi muito legal fazer isso. Porque se tudo de errado na história que você estiver fazendo: se o desenho estiver ruim, se a história não ficar lá grande coisa, é só tentar algo diferente na próxima. E bola pra frente.

Depois de um certo tempo, percebi que tinha um volume de histórias que seriam suficientes para organizar em algo parecido com um livro.

Nos últimos meses fiz uma seleção das histórias que mais gosto, e alguns ajustes: um final do qual eu não gostava, alguns desenhos que não ficaram do jeito que precisavam ser.

Ainda é cedo para dar mais detalhes sobre o projeto. Mas acredito que ainda esse ano essas histórias se materializarão em algo físico.

Conto em primeira mão aqui. Lógico!☺

Novamente. Se alguém me perguntasse como começar: “faça histórias curtas!”

Processos: arte final

Tenho compreendido que o que realmente importa em um desenho é a arte final.

Quando se trabalha com um lápis muito definido, o desenho em si já está pronto, sendo a arte final mera burocrática fase onde se copia um desenho pronto, com outro material.

Dessa forma, estou buscando cada vez mais definir menos no lápis e sim apenas insinuar as grandes massas, deixando o desenho propriamente dito para ser trabalhado na arte final.

Acredito que dessa forma o desenho final ganha mais vida, pois ele em sí é único.

Abaixo uma demosntração desse processo do primeiro quadrinho da nova história na qual estou trabalhando.

A procura de estilo um sintético

Nesta ótima entrevista do Ramon Vitral com o quadrinista norueguês Jason, o artista fala da busca por um estilo menos realista por, entre outras razões, demora em finalizar um trabalho mais convencional:

“O meu primeiro álbum foi desenhado com um estilo muito realista, mas não fiquei muito feliz com o resultado e demorou muito tempo pra finalizar, então passei a tentar outros estilos e os personagens antropomorfizados surgiram. Eles pareciam encaixar no tipo de histórias que eu queria contar: fábulas”

JASON

É notável no quadrinho autoral (ou todo aquele fora do mainstream das grandes editoras), uma certa tendência para o preto e branco e a estilos menos realistas.

São características tanto por opções estéticas, quanto porque é o que é viável ser feito, porque esses autores normalmente fazem todo o trabalho sozinho.

Sempre tive uma predileção ao estilo mais sintético. Mas também gosto de algum grau de realismo, sobretudo nos cenários. O que me tem levado a estudar mais os fundamentos do desenho, como a perspectiva, luz e sombra.

Nessa linha, gosto bastante do trabalho do Jaques Tardi e Taiyo Matsumoto.

O seu estilo acaba sendo algo entre tudo que nos influencia, nossas limitações técnicas e a eterna busca por experimentar.

Quero encontar um caminho que seja estilizado, mas que carregue um certo grau de realidade, sobretudo nos cenários, mas, assim como Jason, que ao mesmo tempo seja consiso e se encaixe no tipo de histórias que gosto de fazer.

Recorde de “Abismo”, quadrinho em produção.

Não quebre a corrente

Tenho me esforçado em desenhar nem que seja um traço todos os dias.

Dor de cabeça, dia cheio. Não importa, um traço pelo menos. Vou lá, ligo o computador, abro o arquivo da história que estou desenhando no velho manga studio ex, coloco uma trilha sonora e vou fazer o traço.

O objetivo é manter a fogueira sempre acesa.

Tenho percebido que mesmo em dias complicados, alguma coisa interessante fica no papel. E as vezes não é o desenho.

Desenhar é um músculo que precisa ser exercitado todos os dias, senão atrofia.

Se for esperar tudo estar perfeito para poder se dedicar a sua arte, esse dia nunca vai chegar.

Devolvendo

Estou acabando de ler o livro “50 Crônicas” de Lucimar Mutarelli. Linda obra. Me trouxe de volta ao início dos anos 2000, quando acompanhava blogues na época da internet movida à lenha (como o do Lourenço), e também à leitura do “O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio” do Charles Bukowski.

Deu até vontade de manter um blog mais ativo, com postagens regulares, como fazia antes aqui mesmo neste espaço, quando ainda era um estudante universitário de vinte e poucos anos.