Escritor e quadrinista: você deveria fazer histórias curtas

Eu acredito que o formato de narrativas breves é muito poderoso, por vários aspéctos. Um deles é que racionalmente é a melhor forma de começar a escrever ou desenhar.

Isso porque no início você não tem experiência e conhecimento suficiente para conseguir terminar um trabalho maior, que depende de mais fôlego.

Mas há mais vantagens que elenco logo abaixo e no vídeo que fiz para o meu humilde canal no youtube.

O vídeo foi mais ou menos como um teste. Não pretendo me dedicar muito à plataforma de vídeos. A ideia era experimentar como eu me sairia falando para uma câmera.

Ainda não sei avaliar se a experiência foi legal ou não. É bem provável que não vou insistir nesse formato de vídeo. Embora ainda quero voltar a fazer vídeos do processo de desenho. Estes sim, acho que são mais interessantes de compartilhar.

Bom, vamos ao momento de vergonha alheia:


E aqui o resumo do que tentei falar sobre as vantagens de se começar fazendo narrativas breves:

  • Começo gradual;
    • como uma escadinha, coloque mais um degrau à medida que for se acostumando (Ex. 1 página, 2 páginas, etc)
  • Espaço para experimentar;
    • a cada nova história, você pode mudar de caminho, experimentar;
  • Você vai aprendendo aos poucos;
    • a cada nova história, a chance de consertar o que não deu certo. SIGA EM FRENTE!
  • No final de um período você terá material para fazer um livro;
    • Ao final de um período, você terá material para fazer um livro seu juntando o melhor da sua produção.

E aí? Bora colocar em prática?

Desenhos no caderno (speed drawing)

Alguns desenhos de possíveis personagens para a história que estou escrevendo. São rascunhos soltos usando alguma imagem de referência.

Estou há algum tempo escrevendo uma história que será um pouco mais longa do que as que estou acostumado a desenhar. Tenho os pontos importantes do roteiro delineados, mas estou escrevendo e rascunhando os caminhos que levam a esses pontos.

E é legal deixar se levar por esses caminhos, e chegar a outros lugares não previstos.

Hoje tive uma ideia para uma cena que me empolgou pelas possibilidades. E gostaria muito de compartilhar isso, porém, seria um grande spoiler da história. E isso é muito angustiante, porque acho que essa cena vai estar lá pela página 40 da HQ. E sei que vou demorar um bom tempo desenhando até chegar a esta cena e poder de fato mostrar para as pessoas.

Faz parte.

Bom, por hora é isso. Um grande abraço a todos!

O desenho completo:

Processos: arte final

Tenho compreendido que o que realmente importa em um desenho é a arte final.

Quando se trabalha com um lápis muito definido, o desenho em si já está pronto, sendo a arte final mera burocrática fase onde se copia um desenho pronto, com outro material.

Dessa forma, estou buscando cada vez mais definir menos no lápis e sim apenas insinuar as grandes massas, deixando o desenho propriamente dito para ser trabalhado na arte final.

Acredito que dessa forma o desenho final ganha mais vida, pois ele em sí é único.

Abaixo uma demosntração desse processo do primeiro quadrinho da nova história na qual estou trabalhando.

A procura de estilo um sintético

Nesta ótima entrevista do Ramon Vitral com o quadrinista norueguês Jason, o artista fala da busca por um estilo menos realista por, entre outras razões, demora em finalizar um trabalho mais convencional:

“O meu primeiro álbum foi desenhado com um estilo muito realista, mas não fiquei muito feliz com o resultado e demorou muito tempo pra finalizar, então passei a tentar outros estilos e os personagens antropomorfizados surgiram. Eles pareciam encaixar no tipo de histórias que eu queria contar: fábulas”

JASON

É notável no quadrinho autoral (ou todo aquele fora do mainstream das grandes editoras), uma certa tendência para o preto e branco e a estilos menos realistas.

São características tanto por opções estéticas, quanto porque é o que é viável ser feito, porque esses autores normalmente fazem todo o trabalho sozinho.

Sempre tive uma predileção ao estilo mais sintético. Mas também gosto de algum grau de realismo, sobretudo nos cenários. O que me tem levado a estudar mais os fundamentos do desenho, como a perspectiva, luz e sombra.

Nessa linha, gosto bastante do trabalho do Jaques Tardi e Taiyo Matsumoto.

O seu estilo acaba sendo algo entre tudo que nos influencia, nossas limitações técnicas e a eterna busca por experimentar.

Quero encontar um caminho que seja estilizado, mas que carregue um certo grau de realidade, sobretudo nos cenários, mas, assim como Jason, que ao mesmo tempo seja consiso e se encaixe no tipo de histórias que gosto de fazer.

Recorde de “Abismo”, quadrinho em produção.

Não quebre a corrente

Tenho me esforçado em desenhar nem que seja um traço todos os dias.

Dor de cabeça, dia cheio. Não importa, um traço pelo menos. Vou lá, ligo o computador, abro o arquivo da história que estou desenhando no velho manga studio ex, coloco uma trilha sonora e vou fazer o traço.

O objetivo é manter a fogueira sempre acesa.

Tenho percebido que mesmo em dias complicados, alguma coisa interessante fica no papel. E as vezes não é o desenho.

Desenhar é um músculo que precisa ser exercitado todos os dias, senão atrofia.

Se for esperar tudo estar perfeito para poder se dedicar a sua arte, esse dia nunca vai chegar.