Mas não é tão simples quanto parece

Continuando o post anterior, não é tão simples proteger suas artes das IAs.

Embora asar o Nightshade seja relativamente simples, o processo em si é bastante demorado. Foram mais de 30 minutos rodando a ferramenta para processar essas duas pequenas imagens:

Talez, com o tempo, o processo seja abreviado.

Rede social anti IA

Descobri essa semana que existe uma rede social voltada aos artistas com regras claras anti IA. Trata-se do “Cara”.

Essa nova plataforma tem ganhado muitos novos usuários após a Meta, empresa dona do Instagram e Facebook, divulgar que está usando as imagens postadas por seus usuários para treinar suas próprias IAs.

Já participei de várias redes sociais, elas vem e vão. E é exatamente por isso que mantenho meu site pessoal em um domínio próprio há tanto tempo. Porque aqui, faça chuva ou faça sol, quem dita as regras acaba sendo eu mesmo e minhas limitações. (Embora saiba que as novas gerações não conseguem sair dos apps e das redes sociais, o que acaba limitando bastante o alcance de um site pessoal).

De qualquer forma, fiz minha conta no Cara. Se quiser conhecer e me acompanhar por lá, entra aqui.

Nightshade e uma pequena esperança contra as IAs

A internet se tornou um local hostil para os artistas. Postar seus trabalhos na rede significa alimentar o banco de dados de IAs geridas por mega corporações.

Sempre fui entusiasta das webcomics. Leio e publico online há muito tempo. E já cheguei a pensar que o impresso poderia estar com os dias contados.

Mas hoje tenho dúvidas se ainda é uma boa opção publicar quadrinhos na internet.

Estou testando a ferramenta Nightshade, desenvolvida para “envenenar” as IAs que tentarem assimilar a imagem que for tratada com esse filtro.

É uma pequena esperança para tentar a continuar usando a rede para publicar meus quadrinhos.

A outra alternativa é publicar somente da maneira tradicional. Papel e tinta.

Eventos e sobre definir metas

Coloquei na barra lateral uma agenda com as datas das minhas participações em eventos e feiras de quadrinhos. Tenho presença confirmada em pelo menos 3 que irão acontecer agora no segundo semestre de 2024 (JundComics, HQ Fest Indaiatuba e Gibi SP Festival).

Acho importante estar presente nesses espaços, como forma de mostrar o trabalho e de certa forma formar um público. Embora meu foco neste ano não tem sido os eventos, e sim a produção.

E falando da produção: estou sentindo a necessidade de produzir mais em menos tempo.

Esta semana experimentei estabelecer uma meta diária a ser alcançada. Uma meta forte, de forma a criar uma pressão interna que me obriga a sentar na mesa e só desenhar.

Percebi que minha mente é muito hábil em desviar o foco. Uma meta clara me ajudou a manter o foco. Quero continuar fazendo isso, dobrando a aposta e seguir nesse ritmo.

Tenho trabalhado numa história curta. (Os quadrinhos abaixo são dessa história que estou terminando. Ainda não sei quando vou postar ela aqui no site se ela for aprovada para entrar numa revista, vou manter ela inédita aqui até o lançamento da revista).

Percebi que estava levando muito tempo para desenhar essa história curta. Mais que o normal. Quando defini um prazo e uma quantidade de trabalho a ser feito por dia, o processo mudou completamente.

Também percebi que estabelecer um cronograma a ser cumprido acaba nos obrigando a sair da zona de conforto. Nos estimulando a sermos criativos nas maneiras como lidamos com o tempo dedicado aos nossos projetos artísticos.

E você? Consegue trabalhar bem definindo metas?

Direto da prancheta

Estou trabalhando nessa HQ que será minha primeira história um pouco maior. A princípio algo como 60 páginas (podendo variar para mais ou menos a depender do meu fôlego e dos caminhos que posso tomar em determinado ponto do enredo).

Talvez as histórias curtas sejam meu formato ideal e não vou abandoná-las. Já tenho alguns roteiros prontos e é provável que vou intercalar períodos de trabalho nessa história maior e nas curtas.

De qualquer forma, é muito bom se desafiar às vezes.

Posso quebrar a cara (e não seria a primeira vez), mas quero pelo menos tentar.

Sinto que é essencial nas artes e na vida estar sempre experimentando algum caminho diferente ou uma nova perspectiva. Nos faz sentir vivos esses desafios.

Vez ou outra pretendo colocar algo do processo aqui. Um abraço!

Live sobre o ‘Deslocados’ no dia do quadrinho nacional

Participei de uma live com o pessoal muito legal do Yellow Talk Cast no dia do quadrinho nacional, falando sobre o Deslocados e sobre a minha “carreira” como quadrinista.

Quer sentir um pouco de vergonha alheia? Olha só o drama:

O pessoal do Yellow Talk tem um trabalho muito legal de divulgação e debate sobre os quadrinhos publicados no brasil, sejam eles feitos por brasileiros ou não.

Se não conhecia o canal deles, segue lá e acompanhe. Tem o site também, que é esse aqui.

Na prancheta

Roteiro pronto para uma nova história. Pronto entenda: escrito e desenvolvido o suficiente para poder desenhar. Como eu mesmo desenho as histórias, dessa vez vou me dar a liberdade e abertura de incorporar o acaso ao processo.

Explico: há passagens na história que estão definidas no texto, mas podem ou não serem aumentadas ou diminuídas, de acordo com a evolução dos personagens ao longo do processo de desenho das páginas.

Desta vez, serão mais páginas do que estou acostumado a fazer. Algo próximo a 60.

Mas diferente do que aconteceu lá atrás, entre 2008 e 2013, quando tentei e falhei em trabalhar em histórias maiores, acredito que hoje estou com um pouco mais preparado para o desafio.

Não vou abandonar as histórias curtas. Tenho roteiros prontos para narrativas breves que pretendo desenhar também ainda este ano.

Mas sabe aquela sensação boa de estar fazendo algo diferente do que já fez? Então. Eu queria encarar esse desafio de fazer uma história maior.

Depois volto às curtas. Pois acredito que ainda tenho muito a contar nesse formato.

E você? O que tem planejado fazer nesse novo ano? Conta aí!

Resenha: ‘Deslocados por Quadrinhos Diários’

Por Quadrinhosdiários (6 de jan 24)

Eu fiquei realmente surpreso com o nível desse quadrinho. E, quando soube que ele já foi publicado em tiras na internet, fiquei imaginando como seria acompanhar isso na época em que foi lançado.

‘Deslocados’ foi uma grande surpresa em 2023, e me encantei demais com a leitura e todo o olhar do autor sobre a vida e como ela é, na pele de pessoas que são deixadas de lado, à margem.

É certamente uma das melhores leituras de 2023 e com certeza, você deveria dar atenção.

Agradeço ao @ljpascoal pelo envio!

Fonte: https://www.instagram.com/reel/C1w4Yi9rUpu/?utm_source=ig_web_copy_link

Resenha: ‘Deslocados por Wagner Cordeiro’

Por Wagner Cordeiro (5 de jan 24)


Antologia de quadrinhos é longe de ser unanimidade no gosto dos colecionadores, ainda mais se tratando de 23 histórias curtas, algumas delas de somente 1 página, de proposta quase capsular, em preto e branco muitas vezes chapados, em outras com tons de cinza, contribuindo para uma atmosfera sempre de melancolia, de pequenas parábolas acerca das idiossincrasias da vida, de desenho cartoonesco na linha intermediária entre o alternativo e o mainstream…

Isso não seria uma boa propaganda, mas é a verdade sobre uma das melhores HQ’s por mim lidas no ano de 2023.

Leonardo Pascoal desfila inteligência nas narrativas, na proposição de ângulos, quadros, diálogos, jogos de luz e sombra, ambientações, alegorias; e, por mais que sejam contos sucintos, não há sentimento de falta nos pontos de vista.

Nesta era de coachs vendendo ideais distorcidos de super-homens, talvez fazendo os ossos de Nietzsche se debaterem no caixão, o gibi parece focar na poesia da imperfeição humana. Impossível, ainda que com humor sutil, não se identificar com alguma situação, com algum personagem gerando um estranho desconforto íntimo misturado com consolo. Neste mundo onde todos tentam parecer descolados, você não está sozinho entre os “Deslocados”.

Na sequência de leitura certas influências são proeminentes, sendo um dos contos quase uma paráfrase de “Metamorfose” de Kafka, porém com uma abordagem bem pessoal, autoral. Ele começa ilustrando alguém preso em seu apartamento olhando pelo vidro da janela com um recordatório:
“Chove lá fora e os transeuntes tentam se proteger. (…)”

Com esta frase, e o delinear da crônica, eu não consigo evitar o paralelo também com “Me chama” do Lobão:
“Chove lá fora e aqui faz tanto frio…”

Em outra curta a citação final de um escritor é direta:
“Camus disse que não ser amado é falta de sorte, mas não amar é a própria infelicidade.”

Na filosofia Albert Camus é relacionado diretamente ao Absurdismo, a corrente mais niilista e pessimista do Existencialismo.
E no mesmo sofrimento da canção supracitada:
“(…)
Nem sempre se vê
Mágica no absurdo”

Leonardo, o nosso mágico, viu.

Fonte: https://www.instagram.com/reel/C1uzBmpPCIe/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

Como foi a Feira OGRA 2023

Obrigado a todos que colaram lá na Feira OGRA em São Paulo. O calor estava intenso e choveu, mas nem com isso os fãs de quadrinhos deixaram de prestigiar o evento.

Foi muito bom ter uma oportunidade para mostrar o Deslocados em São Paulo, juntamente com as mais recentes revistas Café Espacial e os Minilivros.rt da Renata Torres.

Também foi muito especial rever os amigos e também fazer novos!

Aos paulistas que não conseguiram ir, fica a dica de que deixei alguns exemplares lá na Ugra. Então dá um pulo lá para conhecer!

É provável que este seja o último evento que irei em 2023, o foco agora é no roteiro do próximo quadrinho que vou desenhar.

Mas com certeza no próximo ano estarei presente em outras feiras e eventos. Pois vale muito a pena esse contato com as pessoas que curtem e fazem quadrinhos.

Só espero escolher melhor o hotel da próxima vez. Porque ficamos praticamente num cativeiro. 🙂