Entrevista Alan Moore ‘Como escrever histórias em quadrinhos’

Entrevista com Alan Moore publicada originalmente em The Comics Journal #119 (Janeiro de 1988),#120 (Março de 1988) e #121 (Abril de 1988).

Essa entrevista é uma aula sobre roteiros de quadrinhos. Citei ela na live do Yellow Talk Cast, com a certeza de que era facilmente encontrada na internet. Mas pelo jeito não é tão fácil assim. Por isso estou disponibilizando ela aqui no site para todo mundo que curte quadrinhos e, principalmente, para quem escreve ou gostaria de escrever histórias.

É só clicar aqui no link.

Na prancheta

Roteiro pronto para uma nova história. Pronto entenda: escrito e desenvolvido o suficiente para poder desenhar. Como eu mesmo desenho as histórias, dessa vez vou me dar a liberdade e abertura de incorporar o acaso ao processo.

Explico: há passagens na história que estão definidas no texto, mas podem ou não serem aumentadas ou diminuídas, de acordo com a evolução dos personagens ao longo do processo de desenho das páginas.

Desta vez, serão mais páginas do que estou acostumado a fazer. Algo próximo a 60.

Mas diferente do que aconteceu lá atrás, entre 2008 e 2013, quando tentei e falhei em trabalhar em histórias maiores, acredito que hoje estou com um pouco mais preparado para o desafio.

Não vou abandonar as histórias curtas. Tenho roteiros prontos para narrativas breves que pretendo desenhar também ainda este ano.

Mas sabe aquela sensação boa de estar fazendo algo diferente do que já fez? Então. Eu queria encarar esse desafio de fazer uma história maior.

Depois volto às curtas. Pois acredito que ainda tenho muito a contar nesse formato.

E você? O que tem planejado fazer nesse novo ano? Conta aí!

Resenha: ‘Deslocados por Wagner Cordeiro’

Por Wagner Cordeiro (5 de jan 24)


Antologia de quadrinhos é longe de ser unanimidade no gosto dos colecionadores, ainda mais se tratando de 23 histórias curtas, algumas delas de somente 1 página, de proposta quase capsular, em preto e branco muitas vezes chapados, em outras com tons de cinza, contribuindo para uma atmosfera sempre de melancolia, de pequenas parábolas acerca das idiossincrasias da vida, de desenho cartoonesco na linha intermediária entre o alternativo e o mainstream…

Isso não seria uma boa propaganda, mas é a verdade sobre uma das melhores HQ’s por mim lidas no ano de 2023.

Leonardo Pascoal desfila inteligência nas narrativas, na proposição de ângulos, quadros, diálogos, jogos de luz e sombra, ambientações, alegorias; e, por mais que sejam contos sucintos, não há sentimento de falta nos pontos de vista.

Nesta era de coachs vendendo ideais distorcidos de super-homens, talvez fazendo os ossos de Nietzsche se debaterem no caixão, o gibi parece focar na poesia da imperfeição humana. Impossível, ainda que com humor sutil, não se identificar com alguma situação, com algum personagem gerando um estranho desconforto íntimo misturado com consolo. Neste mundo onde todos tentam parecer descolados, você não está sozinho entre os “Deslocados”.

Na sequência de leitura certas influências são proeminentes, sendo um dos contos quase uma paráfrase de “Metamorfose” de Kafka, porém com uma abordagem bem pessoal, autoral. Ele começa ilustrando alguém preso em seu apartamento olhando pelo vidro da janela com um recordatório:
“Chove lá fora e os transeuntes tentam se proteger. (…)”

Com esta frase, e o delinear da crônica, eu não consigo evitar o paralelo também com “Me chama” do Lobão:
“Chove lá fora e aqui faz tanto frio…”

Em outra curta a citação final de um escritor é direta:
“Camus disse que não ser amado é falta de sorte, mas não amar é a própria infelicidade.”

Na filosofia Albert Camus é relacionado diretamente ao Absurdismo, a corrente mais niilista e pessimista do Existencialismo.
E no mesmo sofrimento da canção supracitada:
“(…)
Nem sempre se vê
Mágica no absurdo”

Leonardo, o nosso mágico, viu.

Fonte: https://www.instagram.com/reel/C1uzBmpPCIe/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==

Mais um pouco sobre as HQs que compõe ‘Deslocados’

Os desenhos abaixo são da história ‘Pés de Galinha’. Esse quadrinho nasceu de um micro conto que escrevi a partir da expressão popular para designar marcas de expressão próximas aos olhos. Minha ideia era usar o termo de forma literal: e se alguém de fato tivesse pés de galinha?

Quando vou desenhar a partir de um roteiro que escrevi inicialmente como texto, levo algum tempo para desenvolver o visual desses personagens e deste mundo da história. Eu preciso encontrar “a cara” do personagem. Quando descubro seu visual, é como se o personagem de fato ganhasse vida.

Gosto bastante dessas personagens, tanto que elas aparecem com algum destaque na capa e na quarta capa do livro. E, quem sabe, algum dia volto a desenhá-las em outras histórias?

‘Deslocados’ é meu primeiro álbum em quadrinhos e já está a venda diretamente comigo aqui.

Um pouco sobre as histórias de ‘Deslocados’ #4

Mais um pouco sobre as HQs que compõe ‘Deslocados’.

O desenho em destaque é da história ‘Viver é lidar com a dor de existir’. Nesse quadrinho fiquei imaginando como seria a vida de uma pessoa que de tão deformada fisicamente se parecesse com um peixe.

Gosto bastante dos desenhos dessa história nos quais usei, para elaborar o ambientação, imagens dos corredores do Copan e minhas memórias do apartamento de 1 quarto que morei durante cinco anos no bairro da Saúde em São Paulo-SP.

A versão dessa HQ que está em ‘Deslocados’ tem seu final totalmente reformulado. Embora gostasse da história, não gostava de como ela era concluída. Então, tive que fazer um esforço de voltar ao estado mental que me motivou a escrever e desenhar essa narrativa para, a partir daí, chegar a conclusão necessária para essa breve HQ de 4 páginas.

Gosto de pensar que o final definitivo já estava escrito, só faltava eu tirar as camadas de tinta que estavam atrapalhando ele transparecer.

‘Deslocados’ é meu primeiro álbum em quadrinhos e já está em pré-venda no site cafeespacial.com e também diretamente comigo aqui no site.

Lembrando que o lançamento será entre 7 e 10 de setembro na Bienal de Curitiba na feira Muvuca, com sessão de autógrafos na programação do evento no sábado.

Qualquer dúvida é só colocar nos comentários deste post ou no inbox do instagram.

Um pouco sobre as histórias de ‘Deslocados’ #3

Mais um pouco sobre as HQs que compõe Deslocados.

O desenho em destaque é da história ‘Esperança’. Nesse quadrinho, mais uma vez, uso a linguagem narrativa que é bem natural pra mim: a primeira pessoa.

O objetivo era retratar um trecho da vida de um personagem que é um sociólogo que optou por trabalhar como garçom em uma bar.

Gosto bastante do resultado gráfico dessa história que reflete um período de transição entre as tiras que eu fazia e as histórias curtas que tenho feito.

Deslocados é meu primeiro álbum em quadrinhos e já está em pré-venda.

Um pouco sobre as histórias do álbum #2

O desenho é da história ‘Lidando bem com críticas’. Que faz parte da seleção que estará no meu livrinho que dentro de alguns dias vai estar em pré-venda.

Esta história é de um período que eu andava muito crítico com o meu trabalho em quadrinhos. Ao ponto de ser difícil produzir, porque tudo que eu fazia parecia ser horrível. Foi um processo lento e longo aprender a lidar com essa cobrança interna.

Entender que o nosso pior crítico pode ser a gente mesmo.

Um pouco sobre as histórias do álbum

O desenho acima é da história ‘Sobreviver’ que abre o livro. Eu desenhei esta história quando estava fazendo um freela preenchendo áreas negras dos originais do grande Gabriel Bá em 2010. Talvez por isso acabei usando muito preto nos personagens e no fundo. Algo que gosto até hoje de fazer.

O personagem foi inspirado num tipo comum que eu via na universidade: das pessoas que não querem se formar, resistem a sair da condição de estudante e enfrentar o mundo aqui de fora, e acabam prolongando a vida acadêmica indefinidamente. O que, ao meu ver, é uma atitude válida e, em vários aspectos, corajosa.

Essa história é muito importante pra mim pois foi publicada na Café Espacial e, se não me fala a memória, foi exposta em pelo menos duas exposições: Rio Comicon de 2010 e Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja de 2015 dentro da exposição “Café Espacial à Quinta”.

Participação na Bienal de Curitiba

Tá confirmado! Entre os dias 07 a 10 de setembro estarei em Curitiba lançando meu primeiro álbum na Feira Muvuca da Bienal de Quadrinhos.

Juntamente com o Sergio Chaves e a equipe da Café Espacial estive nos últimos meses me dedicando a esse livrinho que reunirá as histórias curtas que tenho produzido nos últimos anos em versões definitivas: revisadas, lapidadas e, quem sabe, tunadas!

Estou feliz com o resultado que esta semana foi encaminhado pra gráfica.

Também feliz por ter sido selecionado para a Bienal. Será muito legal lançar esse projeto em um evento que tem crescido em público e reunido gente de peso do cenário nacional dos quadrinhos.

Se você estiver em Curitiba nessa data não deixe de aparecer e trocar uma ideia e pegar uma edição do livro! 🙂

Ao longo deste mês vou dar mais detalhes sobre o álbum, bem como disponibilizar o link da pré-venda para quem não puder (ou quiser) estar presente no evento presencial.

Inté! 🙂

Meu primeiro álbum ainda este ano

Faz um tempo desde a última HQ que postei aqui no site. Mas é por um bom motivo: nesse interim estava preparando o que virá a ser o meu primeiro livrinho.

Foi todo um processo de seleção, revisão e ajuste nessas histórias: tive que redesenhar uma das HQs porque não tinha mais os arquivos em alta para impressão (pior que acabei encontrando depois de ter feito todo o trabalho), outra eu não gostava do final porém não gostaria de deixar ela de fora dessa seleção então refiz os diálogos e parte dos desenhos da última página, estes e outros pequenos ajustes foram necessários até que essas HQs tomassem sua forma definitiva.

Agora o livrinho está em boas mãos com alguns grandes amigos e parceiros de longa data no processo de revisão de textos e ajustes finais de diagramação e capa.

Se tudo der certo, o álbum ainda sai este ano.

Vou soltando mais informações e imagens aqui tão logo a caravana caminhe. Até!